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A Restauração em Portugal de 2014 a 2024: O que mudou?

Restauração

Artigo escrito por Luís Azeredo, Co-founder DIG-IN

Era o primeiro trimestre de 2014 e cerca de 20 pessoas, percorriam as ruas da Grande Lisboa, para recolher conteúdo informativo e de apresentação de mais de 16 mil estabelecimentos de restauração. Esta era a Zomato em Portugal nessa altura.

Foi um privilégio fazer parte dessa equipa, que construiu a primeira e mais completa plataforma de descoberta de restaurantes em Portugal. Hoje, olho dez anos para trás, com boa memória e com uma imagem clara das transformações que o mercado viveu.

Mas o que mudou? Onde estamos agora? Continue a ler este artigo, onde lhe falo um pouco sobre a evolução da restauração em Portugal, entre 2014 e 2024.

👉2014: Um Mercado Ainda Desconfiado da Tecnologia

Em 2014, grande parte dos empresários de restauração, com receio da concorrência, preferia não ter o seu menu publicado online (apesar de o ter numa caixa iluminada, à porta do seu restaurante). Em 2014, boa parte dos restaurantes imprimia cartões de visita com regularidade e tinha apenas uma página pessoal de Facebook que usava para “amigar” os seus regulares e potenciais clientes. Em 2014, eram raros os estabelecimentos que recorriam a ferramentas digitais, por exemplo, apenas 0,8% dos restaurantes permitiam que as reservas fossem feitas online.

Mas a crescente competitividade do mercado e a mentalidade exigente dos portugueses estimularam a evolução dos restaurantes e nós fomos um dos principais agentes de mudança. Nos anos seguintes, facilitamos em primeira mão e acompanhamos a adopção de várias soluções tecnológicas: comunicação e publicidade, captação e gestão de reservas, pagamentos digitais e lojas-online para entrega de refeições ao domicílio.

Ao mesmo tempo, fomos assistindo às tendências de diversificação da oferta…

Comemos até fartar da explosão e seleção natural das hamburguerias gourmet. Viajamos na importação de novas cozinhas pan-asiáticas e panamericanas (para lá do chinês, do sushi e dos rodízios brasileiros). Fomos arrastados na gulodice dos brunches com iluminação néon e jardins verticais… E estes novos conceitos, não só encheram de sabor a cultura gastronómica dos portugueses, mas encheram-na de arte e cor que não tardou em contagiar as redes sociais com o vício do foodporn e dos pormenores instagramáveis.

👉Novos Desafios e Soluções para os Negócios de Restauração

Se a primeira metade da década, para o consumidor, trouxe diversidade, liberdade e dinâmica, para os negócios de restauração trouxe oportunidade e inovação, mas também maior exigência concorrencial. Para diferenciar os negócios, vieram novos canais de comunicação e estratégias de promoção, desenharam-se novos modelos de gestão com ferramentas operacionais mais flexíveis e robustas e veio a possibilidade de observar as tendências e dados de consumo que permitiam abordagens operacionais e comerciais mais inteligentes e certeiras. Mas quantas destas estruturas estariam aptas para uma gestão do negócio tão rigorosa e complexa?

👉A Pandemia como Catalisador de Mudanças Profundas

A pandemia COVID-19 (2020/21) que chegou de forma repentina e pouco informada, veio declarar a importância crítica dos dados e tecnologia aplicados à gestão. Pensemos nos marketplaces de entregas ao domicílio que se revelaram essenciais para a sobrevivência de grande parte dos negócios de restauração, ou pelo menos essenciais para manter a vitalidade do sector – mas será que a simplificação do processo comercial com comissões tão elevadas foi realmente um instrumento de sobrevivência dos restaurantes? Para muitos, foi certamente, mas deve um negócio de restauração existir apenas para sobreviver?

A adesão aos marketplaces de delivery foi uma saída de recurso, completamente inevitável e não propriamente um processo de evolução no seu modelo comercial e gestão. Alguns reagiram como puderam, não evoluíram e voltaram à normalidade logo que lhes foi permitido. Outros, cumpriram com sucesso a travessia da pandemia, entenderam um novo contexto de mercado e reinventaram a sua participação nas plataformas de entrega ao domicílio, com marcas virtuais e novos modelos de negócio para operar em dark kitchens (cozinhas exclusivas para refeições de consumo em casa).

👉A Sustentabilidade como Pilar do Futuro da Restauração

Na verdade, apesar do papel da pandemia enquanto catalisador da mudança, foi na posterior normalidade que se consolidaram as suas repercussões. Os negócios tiveram de mudar rapidamente para se manterem na pandemia e nas mudanças, encontraram melhorias. Na componente operacional, os pedidos e pagamentos digitais ou protocolos de higiene rigorosos e monitorizados, são agora essenciais para maior eficiência. A nível comercial, a presença digital dinâmica é cada vez mais essencial e justifica a aposta em plataformas online e novas estratégias de aquisição e fidelização de clientes.

E é esta aproximação ao cliente e às tendências culturais da nossa sociedade, que nos traz o último aspecto de transformação vivido nesta década: a sustentabilidade. A crescente consciencialização para as questões ambientais levou os consumidores a preferirem estabelecimentos que dão prioridade a práticas mais sustentáveis…e o mercado manda.

Os empresários e cozinheiros de hoje procuram produtores locais, matérias-primas sazonais, com menor pegada carbónica e mais frescura e qualidade nos ingredientes. E porque o mercado manda mesmo, não tardaram as linhas de abastecimento farm-to-table e as tecnologias de gestão de inventário ou de controlo e redução de desperdício. Podemos afirmar que, em 2024, a sustentabilidade é um factor-chave na diferenciação dos restaurantes, que influencia as escolhas dos consumidores e os educa para práticas gastronómicas mais responsáveis.

👉2024: Um Setor Mais Resiliente e Promissor

São muitas as mudanças que a nossa restauração viveu durante esta década que está prestes a cumprir-se. Foram transformações potenciadas pela capacidade humana de se adaptar e reinventar para crescer. Com avanços tecnológicos, novos comportamentos dos consumidores e com um compromisso crescente da sociedade com o planeta, temos hoje um sector mais equilibrado, resiliente e promissor.

👉A Próxima Década: Dados e Inteligência Artificial no Comando

E quando uma década está a terminar, está outra a começar. É com entusiasmo que na DIG-IN, já vivemos um presente em que a análise de dados e a inteligência artificial são determinantes para o futuro da restauração em Portugal. Hoje, com a nossa tecnologia, um empresário pode entender porque motivo não está a conseguir acompanhar a concorrência, pode descobrir a melhor localização e conceito para o próximo restaurante ou até mesmo identificar as tendências de consumo mais indicadas para a sua nova carta.

Ainda é difícil imaginar como estaremos em 2034, mas já estamos com um pé na próxima década. Venha connosco!

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