Estivemos à conversa com Marina Calheiros, Gestora Coordenadora da Lisbon Food Affair, o evento que conquistou um lugar de destaque no setor alimentar em Portugal. Com uma carreira de quase 40 anos na área de feiras e congressos, Marina trouxe à LFA uma visão estratégica que alia inovação, sustentabilidade e internacionalização, transformando a feira na maior plataforma de negócios, tendências e networking do setor.
Nesta conversa, exploramos os bastidores da Lisbon Food Affair, os seus pilares estratégicos, o impacto do evento no crescimento das empresas participantes e o que esperar da próxima edição. Prepare-se para descobrir como a LFA está a moldar o futuro da indústria alimentar? Vamos a isso!
1. Se pudesse resumir o que é a Lisbon Food Affair numa só frase, qual seria?
A Lisbon Food Affair é a maior plataforma de negócios, inovação e network que se realiza em Portugal e que reúne os principais players nacionais e internacionais do setor alimentar, bebidas, HORECA, máquinas, equipamentos e tecnologias para a indústria e distribuição, contribuindo para a dinâmica e crescimento do setor, impulsionando tendências e parcerias estratégicas.
2. Qual o impacto que a presença dos negócios representados na LFA tem no crescimento desses mesmos negócios?
A presença na Lisbon Food Affair proporciona uma oportunidade única às empresas de expandir a novas redes de contactos, estabelecer parcerias estratégicas, aceder a novos mercados e geografias, impulsionando assim o crescimento sustentável e a competitividade no sector. Com base no relatório dos inquéritos de satisfação efetuado às empresas expositoras, 70% considerou que a participação na Lisbon food Affair teve impacto positivo imediato no volume de negócios da empresa e das quais 34% destas empresas referiram ter realizado negócios durante a realização da LFA.
3. Que papel a inovação desempenha na feira? Têm exemplos de tendências ou produtos inovadores que estiveram em edições anteriores e que têm agora mais sucesso?
A Lisbon Food Affair posiciona-se como uma plataforma de transformação e inovação no sector alimentar e HORECA, destacando-se por impulsionar o lançamento de novos produtos, serviços, equipamentos e tecnologias. A feira reflete as principais tendências do mercado, com foco crescente em sustentabilidade e soluções digitais, que estão a redefinir a cadeia de valor, desde a produção até ao consumidor final.
Um dos destaques do evento é a LFA Innovation, uma iniciativa dedicada a apoiar o esforço das empresas na concepção, desenvolvimento e introdução de novos produtos no mercado. Este espaço é uma verdadeira montra da inovação, oferecendo aos visitantes profissionais e à imprensa (setorial e generalista) a oportunidade de conhecer as mais recentes soluções lançadas no mercado português.
Nas últimas duas edições, cerca de uma centena de empresas e produtos participaram na LFA Innovation, muitos dos quais já se encontram em comercialização no mercado nacional.
É o caso de soluções de embalagens sustentáveis, biodegradáveis, fabricadas com componentes de desperdício alimentar, que hoje são adotadas por grandes marcas para reduzir o impacto ambiental.
Empresas que introduziram alimentos funcionais e personalizados enriquecidos com probióticos ou adaptados a dietas específicas, que agora são tendências amplamente aceitas por consumidores preocupados com saúde e bem-estar.
Também os produtos alternativos Plant-Based como carnes vegetais e laticínios sem origem animal, que atualmente, ocupam espaço significativo em mercados globais.
Na área das tecnologias para restauração e HORECA, a inovação destacou-se no desenvolvimento de ferramentas de gestão com inteligência artificial e sistemas de self-service automatizado, que têm revolucionado a eficiência operacional em restaurantes e hotéis.
A Lisbon Food Affair funciona como um ecossistema privilegiado para dar visibilidade às inovações, ajudando-as a conquistar o mercado e a liderar a transformação no sector alimentar e HORECA.
4. De que forma a LFA se posiciona como um ponto de encontro para a digitalização e a transformação tecnológica no setor alimentar?
A Lisbon Food Affair posiciona-se como um ponto de encontro essencial para a digitalização e a transformação tecnológica no sector alimentar, ao reunir os principais players e as inovações que lideram esta mudança. A Lisbon Food Affair não só promove o diálogo entre empresas tradicionais e tecnológicas, como também permite e divulga, soluções que estão a redefinir os processos ao longo de toda a cadeia de valor.
É o palco por excelência para o lançamento de novas tecnologias, como softwares de gestão inteligente, plataformas de rastreabilidade baseada em blockchain e sistemas de análise de dados que otimizam a logística e a produção.
Iniciativas como a LFA Innovation, privilegiam as tecnologias emergentes e destacam soluções que estão a revolucionar a operação de restaurantes, cadeias de distribuição e produtores alimentares.
É neste âmbito que surge um relacionamento alargado com a DIG-IN, através de uma parceria que permitirá chegar aos vários intervenientes da cadeia de valor da restauração, desde os produtores até aos restaurantes, chefs e outros profissionais. Ao facilitar encontros estratégicos entre startups inovadoras e grandes players do mercado, promovem-se parcerias que ajudam as empresas a tornarem-se mais sustentáveis e eficientes, alinhando-se às exigências dos consumidores e regulamentações ambientais essenciais para o sucesso dos negócios e das empresas.
A LFA também organiza conferências e workshops com especialistas que discutem temas como inteligência artificial, automação, e cibersegurança no sector alimentar, capacitando as empresas para a transformação digital.
5. Há iniciativas específicas na Lisbon Food Affair que promovem a sustentabilidade no setor alimentar, pode partilhar resultados alcançados e novas ideias para o futuro?
A LFA assume a sustentabilidade, também, como um dos seus eixos estratégicos fundamentais, promovendo iniciativas que incentivam práticas mais responsáveis ao longo de toda a cadeia de valor do sector alimentar. Estas ações não só visam a redução do impacto ambiental, mas também têm como objetivo inspirar empresas e profissionais a adotarem modelos de negócio mais sustentáveis, contribuindo para um futuro mais equilibrado e consciente.
Conforme já referido anteriormente, a LFA Innovation destaca produtos e soluções que promovem a inovação nas várias vertentes, sendo a sustentabilidade um dos parâmetros em análise. Além disso, promove um ambiente de debate e partilha de conhecimento ao reunir especialistas e líderes de mercado em painéis e palestras temáticas sobre tendências sustentáveis no sector. Temáticas que vão desde a produção agrícola regenerativa até à gestão eficiente de recursos, dando a conhecer casos de sucesso e evidenciando empresas que estão a liderar o caminho com soluções inovadoras.
Estas iniciativas reforçam o compromisso da LFA em posicionar Portugal como líder na transição para um sector alimentar mais verde e inovador, promovendo soluções que estão a transformar o mercado nacional e internacional.
6. Quais são os setores ou áreas dentro da indústria alimentar que têm registado maior crescimento, segundo o que observam na LFA?
É evidente que alguns sectores da indústria alimentar têm registado um crescimento particularmente acelerado, impulsionados por mudanças nas preferências dos consumidores, avanços tecnológicos e novas exigências regulamentares. Entre os que registam um maior crescimento na indústria, nomeadamente em novos negócios emergentes, conseguimos identificar os sectores alternativos ou de novas tendências, como os Plant-Based e alimentos de alternativas proteicas, explicado pela crescente procura por dietas mais saudáveis e sustentáveis de alternativa à carne e lacticínios. As empresas que desenvolvem produtos à base de plantas têm ganho espaço, tanto em mercados nacionais como internacionais.
Também os novos nichos de mercado, com as empresas que desenvolvem produtos funcionais, verificam um crescimento motivado pelo aumento da consciência sobre saúde e bem-estar, a procura de alimentos com benefícios específicos, como probióticos, suplementos vitamínicos ou produtos adaptados a necessidades dietéticas (sem glúten, sem lactose, etc.). A estes juntam-se as empresas que têm desenvolvido produtos no segmento dos snacks nutritivos e refeições pronto a comer, saudáveis e de qualidade, Este segmento tem atraído consumidores urbanos e dinâmicos, representando uma oportunidade crescente para marcas.
No sector das tecnologias e da digitalização verificam-se também áreas de crescimento interessante. A necessidade de maior eficiência e rastreabilidade impulsiona o uso de tecnologias digitais, que ajudam a melhorar a logística, garantir a qualidade e reforçar a transparência, respondendo às exigências de consumidores e reguladores.
No canal HORECA, o que verificamos é a preocupação das empresas em desenvolver soluções que visam melhorar a experiência do cliente e otimizar operações através da digitalização. É claramente um sector que precisa e está a investir em inovação, para se manter competitivo.
A Lisbon Food Affair atua como um barómetro das tendências, destacando os sectores que lideram o crescimento e a inovação no mercado alimentar, enquanto aponta o caminho para o futuro da indústria.
7. Pode partilhar alguns números/estatísticas interessantes relativamente à participação das marcas/restaurantes/associações presentes na LFA, nos últimos anos?
A LFA tem-se destacado como um marketplace essencial para identificar novos players, o que contribui para que a cada edição surjam novas empresas que participam pela primeira vez, um número considerável de start ups e novos negócios que procuram o seu espaço neste mercado, o que contribuí para a jovialidade do evento e para a sua permanente actualização.
Cerca de 500 marcas nacionais e internacionais estiveram presentes na última edição, representando os diversos sectores da indústria, um crescimento de 20% em relação à 1ªedição. Mais de uma centena de produtos inovadores foram apresentados na LFA Innovation nas duas últimas edições, muitos dos quais já estão disponíveis no mercado nacional e são reconhecidos pela contribuição na sustentabilidade e eficiência no sector.
A LFA está setorizada em 3 grandes áreas, alimentação e bebidas, canal HORECA e máquinas e equipamentos. 90% das empresas considera que os objetivos definidos para a participação foram atingidos com sucesso ou mesmo superados, e 88% perspetivou a concretização de negócios a curto prazo. 70% considerou mesmo que a participação na LFA irá ter um impacto imediato no volume de negócios da empresa. A taxa de intenção de participação em futuras edições é de 90%, o que reflete a importância deste evento no panorama nacional de feiras do sector.
Relativamente aos visitantes profissionais são essencialmente das áreas da distribuição alimentar tradicional e moderna, profissionais de hotelaria, restauração tradicional e moderna, profissionais de cozinha, investigação & desenvolvimento, ensino e formação, engenheiros e profissionais da área técnica.
A LFA correspondeu às expectativas para 93,6% dos visitantes profissionais e 81% consideram-na o evento representativo do sector em Portugal. Para 94,4% a Lisbon Food Affair contribui para a projeção e crescimento económico do sector. A intenção de visita para esta edição supera os 90% e 93,6% recomendam a visita a outros profissionais do sector;
8. Que dados/métricas refletem o impacto da LFA no setor alimentar em Portugal?
Em adicional aos dados reportados na questão anterior, é importante referir a dimensão internacional que o evento está a conquistar, nomeadamente com a vinda de compradores internacionais, de países como Alemanha, Angola, Arábia Saudita, Argentina, Bahrain, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Chipre, Colômbia, Espanha, Emirados Árabes Unidos, Equador, França, Grécia, Hong Kong, Índia, Irlanda, Itália, Lituânia, Marrocos, México, Omã, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, Roménia, Tunísia, Turquia, EUA e Uruguai.
Estes compradores participam na Lisbon Food Affair incluídos num programa específico para buyers, com a realização de mais de 500 reuniões B2B, e do qual resulta um valor que se perspectiva ser de dezenas de milhões de euros.
O grande objetivo da LFA é gerar negócios e estes números refletem o crescimento contínuo da feira e o seu papel central no fortalecimento do setor alimentar em Portugal e além-fronteiras.
9. Que feedback têm recebido dos expositores e visitantes sobre a utilidade da feira como plataforma para criar sinergias e desenvolver novas oportunidades?
O feedback de expositores e visitantes da Lisbon Food Affair tem sido extremamente positivo, consolidando a feira como uma plataforma essencial para a criação de sinergias e o desenvolvimento de novas oportunidades de negócio.
As empresas expositoras referem que a LFA facilita o contacto direto com potenciais parceiros e clientes, permitindo estabelecer colaborações que muitas vezes resultam em contratos de longo prazo. 80% dos expositores afirmaram ter iniciado pelo menos uma nova parceria durante o evento.
A presença de visitantes internacionais, representando mais de 30 países, é mencionada como um dos principais fatores de sucesso. 35% das empresas expandiram a sua presença em mercados estrangeiros graças aos contactos estabelecidos na LFA.
Os visitantes profissionais destacaram o ambiente dinâmico e inspirador da feira, com acesso a tendências inovadoras e novas tecnologias, considerando-a uma excelente fonte de insights para melhorar seus negócios e se adaptarem às novas exigências do mercado.
O network promovido pela LFA, incluindo encontros B2B e painéis temáticos foram decisivos para explorar novas áreas de cooperação.
Esse feedback reforça o papel da Lisbon Food Affair como um catalisador de crescimento e inovação, oferecendo um ambiente propício para a colaboração e o desenvolvimento de novas oportunidades.
10. Pode partilhar insights sobre o perfil dos visitantes da feira e como isso reflete as oportunidades para as marcas participantes?
O perfil dos visitantes da LFA é diversificado e altamente qualificado, o que contribui significativamente para as oportunidades de negócio das marcas participantes. Empresas participantes podem esperar contactos com profissionais das áreas da distribuição alimentar, hotelaria e restauração, pequeno retalho alimentar, lojas gourmet, centrais de compra de produtos alimentares, HORECA e equipamentos, restauração coletiva, empresas de aluguer de equipamentos, instaladores e técnicos especializados.
70% são decisores ou influenciadores diretos em processos de compra, incluindo administradores, diretores gerais, diretores de compras e gerentes.
80% são provenientes de Portugal, cobrindo todas as regiões do país e os compradores internacionais, são maioritariamente de Espanha, França, Alemanha, Reino Unido e países da África lusófona, refletindo o crescente interesse global pela feira.
Os visitantes profissionais utilizam a LFA para identificar novos fornecedores o que cria oportunidades diretas para as empresas expositores.
O perfil altamente qualificado e diversificado dos visitantes profissionais da Lisbon Food Affair oferece às empresas o acesso direto a decisores e responsáveis de compra, uma visibilidade em mercados internacionais, ampliando a sua base de clientes e a oportunidades de network de qualidade, permitindo o estabelecimento de parcerias estratégicas e colaborações inovadoras.
Às empresas, o feedback sobre os seus produtos e soluções, é obtido em tempo real, possibilitando ajustes e melhorias conforme a procura e exigências do mercado.
11. Já podem revelar o que podemos esperar de novo na edição de 2025?
Sendo esta a 3ªedição, vamos continuar a consolidar a estratégia que deu origem ao evento, e que assenta em três eixos estratégicos fulcrais, a inovação, a internacionalização e a sustentabilidade, procurando que o evento antecipe as novas necessidades e exigências do mercado e responda às preocupações reais quer das empresas participantes, quer naturalmente dos consumidores.
Este posicionamento vai ao encontro das orientações estratégicas definidas também para todo o sector.
Será dado um especial destaque à Produção Nacional, evidenciando produtos endógenos do nosso território. O objetivo é realçar a excelência destes produtos, que têm conquistado uma procura crescente por parte de players nacionais e internacionais. Além disso, esta valorização contribui para a redução da pegada carbónica a nível nacional, devido à proximidade ao mercado, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a promoção da identidade alimentar portuguesa.
Na vertente da internacionalização, o programa de Buyers continua a ser uma das principais prioridades da organização e uma aposta essencial para as empresas participantes com foco na exportação. Este programa assegura a presença de compradores internacionais criteriosamente selecionados, garantindo elevados padrões de qualidade e diversidade. Devemos potenciar a nossa localização geográfica como estratégica para negócios que conectam os quatro continentes.
Paralelamente, a Lisbon Food Affair promove a partilha de conhecimento ao destacar temas que impactam diretamente os diversos players do sector. Entre os tópicos a abordar estarão a transição digital, o impacto da inteligência artificial no sector alimentar, segurança alimentar e cibersegurança, as novas regras para a restauração focadas na sustentabilidade e a divulgação de apoios específicos ao sector.
12. E quais são as vossas expectativas em relação a esta nova edição?
O evento está ainda em fase de comercialização, pelo que não é possível avançar dados definitivos, mas podemos afirmar que a resposta que estamos a registar por parte de empresas e entidades, nos tem deixado satisfeitos.
Sendo a inovação um dos principais pilares da LFA, é com satisfação que verificamos que neste momento registamos um considerável número de empresas que participam pela primeira vez e com novos produtos, assim como de novas empresas a operar no mercado, um sinal claro da necessidade de apresentar novos conceitos e projetos que enriqueçam a oferta e atraiam valor negocial.
Outro indicador importante é a participação de empresas internacionais, nomeadamente de Espanha, através de participações agrupadas e individuais.
Até ao momento, os países representados são África do Sul, Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Hungria, Holanda, sendo que há perspectivas de poder contar com outros mercados.
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